A viatura (Cop car, 2015)
- Pedro Alves
- 13 de out. de 2015
- 2 min de leitura

Os créditos subiram. Eu estavam sem fôlego. A última vez que eu havia ficado tão tenso durante um filme foi na cena da mercearia em Onde os fracos não tem vez dos Irmãos Coen. A narrativa do filme segue a trajetória de dois meninos que fugiram de casa. Durante os quinze minutos inicias ficamos acompanhando a caminhada deles; suas conversas; o encontro deles com uma viatura de polícia abandonada; e o “roubo” dessa viatura. Após isso, a narrativa volta no tempo para mostrar como o carro do xerife havia chegado naquele lugar e sido abandonado. Somos apresentados ao personagem mais aterrador do longa-metragem (e um dos mais assustadores da história). O xerife é um indivíduo que não mede esforços para conseguir o que quer, tenha ele que ameaçar matar uma criança, roubar carros ou, inclusive, fazer com que civis morram se isso for ajuda-lo de alguma maneira. O filme, então, acompanha a busca frenética desse homem por seu carro para que ninguém descubra o segredo escondido em seu porta-malas.

A primeira coisa que me chamou bastante atenção foi tanto a localização espacial, quanto a temporal criadas tão efetivamente no começo da película. Quando o filme retorna para explicar o que havia acontecido anteriormente ao encontro dos meninos com o carro, não há nenhuma informação em tela te esclarecendo isso. No entanto, nós podemos fazer um paralelo plano-a-plano do que os garotos estariam fazendo durante tal ação do xerife.
O diretor consegue criar uma tensão tão grande que é quase palpável. Seja através de sequências inteiras como é o caso do seguimento onde o xerife (interpretado magistralmente pelo Kevin Bacon) é interceptado na estrada por um policial; seja com pequenos planos como quando os meninos encontram as armas no banco de trás do carro e começam a aponta-las um para o rosto do outro, brincando. Através da fotografia que vai escurecendo durante o desenrolar da trama, a tensão alcança um nível claustrofóbico nos momentos finais, mesmo após o clímax.

Sobre o roteiro, nem tenho palavras para descrever o quanto é excelente. Ele consegue desenvolver os personagens de uma maneira verdadeira em um ritmo que não é nem frenético como os filmes de perseguição geralmente são, nem tão lento para ser chamado de contemplativo. Um encadeamento de ações-reações estruturado de uma maneira excepcional.
Pra mim, Cop Car já pode ser considerado um dos melhores filmes lançados esse ano. É perceptível que não há gordura em tela. Cada sequência, cena ou plano está presente durante a projeção por uma razão. Uma mistura dosada de Em Busca de Redenção (2009) de Glendyn Ivin, e Fargo (1996) de Joel Coen.
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