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Baby Bump (Baby Bump, 2015)

  • Foto do escritor: Pedro Alves
    Pedro Alves
  • 4 de ago. de 2018
  • 3 min de leitura

Baby Bump é a maneira informal de se referir à protuberância do abdômen de gestantes; especialmente quando ela começa a ficar visível durante a gravidez. O título desse filme polonês de 2015 parece desconexo durante grande parte da projeção. Contudo, assim como grande parte das informações que são lançadas aos espectadores em seu início, irá ganhar uma significação até o final da narrativa. O diretor, Kuba Czekaj, deseja demonstrar com sua obra todo o conturbado período da puberdade pela ótica de uma criança. Com isso, ele prova para nós, os adultos, que as etapas que percorremos durante o nosso amadurecimento foram extremamente assustadores e distantes de nosso imaginário infantil. A narrativa é composta pela relação entre Mickey House, garoto de 11 anos, e sua mãe divorciada. O menino se encontra em um limbo onde não é mais uma criança, mas é tratado como tal por sua genitora. Além disso, ele passa por problemas em sua escola e é aconselhado através da voz de um ratinho de desenho animado: Jerboa. O desejo de Mickey durante todo tempo é ser apenas uma pessoa que passe despercebido pela multidão, o que se prova não ser uma tarefa tão fácil para um pré-adolescente.



A palavra que permeia e enlaça todos os causos que ocorrem durante o filme é “aceitação”. O diretor, durante o seu prólogo inicial apoteótico, tenta apresentar os conflitos internos que Mickey sente e a maneira que seu subconsciente os compreende. Temos, então, cinco impasses durante a história que somente poderão ser derrotados através da aceitação do protagonista.

O primeiro problema, e talvez um dos mais perceptíveis, é a aceitação do próprio corpo. Durante a história percebemos a aversão que o garoto sente por suas orelhas  —  chegando a colá-las com super cola para que fiquem menos visíveis. Essa é uma das questões que inicia a maioria dos seus problemas como, por exemplo, seu contrabando de urina na escola para que terceiros utilizam durante as inspeções de drogas. Seu incômodo com as próprias orelhas faz com que cogite seriamente uma cirurgia plástica, o que o impele a vender xixi para conseguir o dinheiro necessário.



A necessidade de perceber a existência de seus próprios desejos sexuais é outra das principais questões tratadas na história. Por conta de ser considerado um tema-tabu em seu lar, o garoto compreende como impuro e pecaminoso qualquer pensamento que possua relacionado à sua própria sexualidade  —  inclusive, possuindo algumas insinuações na obra de que a religião colabore com esse pensamento. Por conta dessa percepção de Mickey, somos confrontados com imagens gráficas e perturbadoras sobre o assunto. Toda essa repressão ainda reflete na relação com sua mãe por conta de um intricado Complexo de Édipo. O mais interessante disso é o contraponto colocado pelo filme através dos amigos do garoto em sua escola que possuem uma relação bem mais resolvida sobre esse tópico.

A aceitação de que alguns aspectos infantis devem morrer para o seu amadurecimento é personificado através do personagem do ratinho Jerboa  —  por mais que a maioria dos conselhos dados pela animação sejam bem maduros. A relação do garoto com sua mãe que beira a dependência e o parasitismo alcança seu clímax próximo ao fim da película quando o título passa a fazer sentido.

Irmão temático  —  tanto em relação à narrativa quanto esteticamente  —  da obra Valerie e a Semana das Maravilhas (1970) advindo da Tchecoslováquia (atual República Tcheca), Baby Bump é um filme que demora a permitir que os espectadores embarquem em sua história e, durante toda a sua projeção, está em uma constante batalha com a audiência. Todavia, debaixo de sua edição anárquica, sua história inquietante e sua higienização imagética, Baby Bump guarda uma sensível fábula de amadurecimento. Talvez, um dos melhores coming of age que eu tive o prazer de assistir durante minha trajetória cinéfila.

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